segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

el tiempo se abre en dos: hora del salto mortal

[Graças às festas, o mexicano se abre, participa, comunga com os seus semelhantes e com os valores que dão sentido à sua existência religiosa ou política. E é significativo que um país tão triste como o nosso tenha tantas festas e tão alegres. Sua frequência, o brilho que atingem, o entusiasmo com que todos participamos, parece revelar que, sem elas, arrebentaríamos. Elas nos liberam, mesmo que só momentaneamente, de todos esses impulsos sem saída e de todas essas matérias inflamáveis que guardamos no nosso interior. Mas, diferentemente do que ocorre em outras sociedades, a festa mexicana não é absolutamente um regresso a um estado original de indiferenciação e liberdade; o mexicano não tenta regressar, e sim sair de si mesmo, ultrapassar-se. Entre nós, a festa é um explosão, um estouro. Morte e vida, júbilo e lamento, canto e uivo se juntam nos nossos festejos, não para se recriarem ou se reconhecerem, mas sim para se entredevorarem. Não há nada mais alegre que uma festa mexicana, mas também não há nada mais triste. A noite de festa é também noite de luto.]
El laberinto de la soledad - Octavio Paz