Em Uxmal
5. Relevos
A chuva, pé dançante e cabelo solto,
o tornozelo mordido pelo raio,
desce acompanhada de tambores:
a espiga abre os olhos, e cresce.
[O. Paz]
quinta-feira, 26 de março de 2009
um véu de vapor e em segundos: as nuvens negras.
o deserto está desnudo. evaporou o seu cobertor de água doce e estilhaços gelados.
evaporou o céu.
e no céu nuvens negras.
vai chover feio. [não! vai chover bonito como nunca]
o dilúvio.
[Deus me mandou um dilúvio]
o dilúvio sou eu. que sou lago. que sou gelo. que sou véu. que sou nuvem negra.
e toda essa água e todo esse sal.
não tem jeito, meu amor.
Deus há de te dar o mar.
o deserto está desnudo. evaporou o seu cobertor de água doce e estilhaços gelados.
evaporou o céu.
e no céu nuvens negras.
vai chover feio. [não! vai chover bonito como nunca]
o dilúvio.
[Deus me mandou um dilúvio]
o dilúvio sou eu. que sou lago. que sou gelo. que sou véu. que sou nuvem negra.
e toda essa água e todo esse sal.
não tem jeito, meu amor.
Deus há de te dar o mar.
[Melancolia de vulcão] O. Paz
quarta-feira, 18 de março de 2009
Paula fitou-o pensativa, suspirou, e os dois pularam ao mesmo tempo para ver quem chegava primeiro ao banheiro. Paula ganhou e Raul tornou a deitar-se na cama e começou a fumar. Uma boa surra... Havia várias pessoas que mereciam uma boa surra. Uma surra com flores, com toalhas molhadas, com um lento arranhar perfumado. Uma surra que durasse horas, entrecortada de reconciliações e carícias, perfeito vocabulário de mãos, capaz de abolir e justificar os desatinos só para recomeçá-los depois, entre lamentos e o esquecimento final, como um diálogo de estátuas ou uma pele de leopardo.
[Trecho de Os prêmios - Julio Cortázar]
segunda-feira, 16 de março de 2009
15/03/09 - 19:14
[chuva]
sinto o cheiro da chuva.
sempre que sinto cheiro de chuva lembro do Sophie.
e que ele deve estar sentindo a chuva vindo (cheirando o ar) como eu nesse momento.
também lembro de Pedras Grandes...
19:31
[Faço paisagens com o que sinto] L. do D.
neste sonho reluzente que tive com você, nos amávamos...
e brincávamos como duas crianças.
sem memórias, sem marcas, sem vestígios de sofrimento.
estávamos no deserto de sal.
sentadas bem no meio de um lago. vendo pontinhos verdes, amarelos, vermelhos e brilhantes. como algas ou pedras ou estrelas escondidas.
não fazia calor e nem frio no deserto.
e aquele lago não estava congelado.
se abríssemos a palma da mão e com ela toda tocássemos a superfície da água, Deus entraria por entre nossos dedos...aquele lago era um imenso espelho do céu.
Deus eu aprendi com você.
sábado, 14 de março de 2009
lago congelado no deserto de sal.
i used to rule the world. seas would rise when i gave the word. now in the morning i sleep alone. sweep the streets i used to own. i used to roll the dice.feel the fear in my enemy's eyes. listen as the crowd would sing. "Now the old king is dead! Long live the king!". one minute i held the key next the walls were closed on me. and i discovered that my castles stand upon pillars of salt and pillars of sand. it was the wicked and wild wind blew down the doors to let me in. shattered windows and the sound of drums. people couldn't believe what i'd become. revolutionaries wait for my head on a silver plate. just a puppet on a lonely string. oh, who would ever want to be king?. hear Jerusalem bells a ringing. Roman Cavalary choirs are singing. be my mirror, my sword and shield. my missionaries in a foreign field. for some reason i can't explain. once you go there was never, never an honest word. and that was when i ruled the world.
[Viva la Vida - Coldplay]
bye bye, Escócia.
[now the old king is dead! Long live the king!]
i used to rule the world. seas would rise when i gave the word. now in the morning i sleep alone. sweep the streets i used to own. i used to roll the dice.feel the fear in my enemy's eyes. listen as the crowd would sing. "Now the old king is dead! Long live the king!". one minute i held the key next the walls were closed on me. and i discovered that my castles stand upon pillars of salt and pillars of sand. it was the wicked and wild wind blew down the doors to let me in. shattered windows and the sound of drums. people couldn't believe what i'd become. revolutionaries wait for my head on a silver plate. just a puppet on a lonely string. oh, who would ever want to be king?. hear Jerusalem bells a ringing. Roman Cavalary choirs are singing. be my mirror, my sword and shield. my missionaries in a foreign field. for some reason i can't explain. once you go there was never, never an honest word. and that was when i ruled the world.
[Viva la Vida - Coldplay]
bye bye, Escócia.
[now the old king is dead! Long live the king!]
sexta-feira, 6 de março de 2009
[como poderia eu desconfiar de que aquilo que parecia falso era verdadeiro, um Figari com violetas ao anoitecer, com rostos lívidos, com fome e brigas nos recantos. Mais tarde, acreditei naquilo que você me contou; mais tarde tive razões para isso, pois houve Mme Léonie que, olhando a mão que dormira com seus seios, Maga, me repetiu quase as mesmas palavras que você havia dito. "Ela sofre em alguma parte. Sempre tem sofrido. É muito alegre, adora o amarelo, o seu pássaro favorito é o melro, a sua hora é a noite, a sua ponte é o Pont des Arts." (Uma barca cor de vinho, Maga, e por que razão não teríamos ido nessa barca, quando ainda era tempo?) E repare que acabávamos de travar conhecimento e a vida já tramava o necessário para que nos desencontrássemos minuciosamente.]
Trecho de O jogo da Amarelinha - Cortázar.
Quando voltei, passando pela Pont des Arts, vi que Mme Léonie me esperava no mesmo canto do parque. Na minha frente, com os olhos arregalados, pegou minha mão e me sentou. O banco estava molhado e cheio de folhas. Colocou minha mão aberta sobre suas coxas e me disse:
- Corta tua mão, pois aquela dama te roubou o destino.
Aquela mão, Maga, aquela mão que acabara de dormir com teus seios.
Trecho de O jogo da Amarelinha - Cortázar.
Quando voltei, passando pela Pont des Arts, vi que Mme Léonie me esperava no mesmo canto do parque. Na minha frente, com os olhos arregalados, pegou minha mão e me sentou. O banco estava molhado e cheio de folhas. Colocou minha mão aberta sobre suas coxas e me disse:
- Corta tua mão, pois aquela dama te roubou o destino.
Aquela mão, Maga, aquela mão que acabara de dormir com teus seios.
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